“Para combater o vírus, temos que ter primeiro cuidado e depois coragem”, nos ensina Ailton Krenak, no texto “O amanhã não está à venda” (https://jornalistaslivres.org/ailton-krenak-o-amanha-nao…/).
Estamos agora no momento de cuidado, o máximo possível em casa confinados(as), quando necessário saindo de máscaras, usando álcool em gel para higienização e lavando as mãos várias vezes ao dia, fazendo atividades de estudos,e trabalho online, “encontrando” colegas e pessoas queridas à distância, através das tecnologias de comunicação que temos à disposição, nos habituando a fazer coisas que antes da pandemia não fazíamos, não dávamos atenção. E sofrendo de impotência, ansiedade, medo e tristeza diante de tantas mortes diárias que o novo vírus produz, algumas de pessoas que conhecemos, amigas e familiares.
Mas como o novo vírus, como qualquer vírus, é um organismo dependente e pouco resistente, um dia a pandemia começa a enfraquecer e voltaremos às atividades fora de casa, aos encontros presenciais, à rotina. Será quando o vírus não mais ameaçar tanto, quando tivermos remédios capazes de curar nossos corpos e vacinas capazes de nos proteger. Tudo indica que o isolamento social e a ciência conseguirão isso. Estaremos, assim, no “depois”.
Mas o “depois” precisará ser mais do que uma volta ao barulho após o grande silêncio, muito mais que um retorno ao que chamamos de “normal”, uma economia destrutiva e produtora constante de mais desigualdade e pobreza. Eis, talvez, um dos motivos porque o “depois” nos demandará “coragem”. O modo de vida dominante está em xeque, esgotado em sua capacidade civilizatória, pois o que hoje produz é barbárie, sofrimento, extinção de espécies e extermínio humano, para o deleite de meia dúzia de ricos e políticos genocidas de extrema-direita. Um novo mundo deve ser construído, baseado numa espécie de amor comum pelo comum e pela vida, por todas as formas de vida. A monstruosidade do novo vírus da morte nos trouxe essa mensagem e nos chama a pensar e agir em celebração à beleza da vida.