“A NOSSA CHANCE É COMEÇAR A DAR ERRADO, COMO INDÍVIDUOS E COLETIVIDADE, COM A MAIOR URGÊNCIA” (Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino, em “Encantamento”, Mórula Editorial).
Diante de tanto horror, uma das possíveis alternativas que temos é começar a fazer o Brasil “dar errado”. E porquê? Porque penso que o Brasil deu certo. Deu certo o projeto colonial, baseado na barbárie do colonizador, no racismo, na escravidão, na catequese, no uso do evangélio para fins escravagistas de corpos e degenerativo de mentes, na disciplinarização para o trabalho que enriquece o patrão, na coisificação da mulher, na criminalização moral das formas de vida ditas “não cristãs”, na robotização para o consumo, na eliminação do rebelde indesejável (ou do cancelamento de CPFs), na transformação de potencialidades em imbelicizados de farda, cujo necroprazer é herdado dos antigos bandeirantes.
O projeto colonial, necropolítico, denominado de Brasil, deu certo, estamos sempre na iminência de sentir as dores impostas por torturas, estupros, esculachos, humilhação, desprezo, superexploração, chacinas, magistraturas racistas, militarismos milicianos, prisões e “balas perdidas”. E a colonialidade continua estruturando as formas como nos relacionamos, como abdicamos da atividade de pensar e até como nos odiamos e aplaudimos a destruição mortífera do poder sobre nós e de nós mesmos por nós. E eleição do genocida jair bolsonaro é a expressão atual de que o Brasil vem dando certo de acordo com o projeto colonial, mais de meio milhão de pessoas morreram de COVID desde do inicio da pandemia no Brasil, e a maioria delas perdeu a vida em função da política de deixar morrer do nazismo bolsonarista. Só a antropofagia pode nos salvar. Façamos, desde já, que o Brasil comece a “dar errado”,
EXÚSEMOS!
Porque ser apolíneo ou dionisíaco se aqui a essência é tupi-nagô? Aqui, entre aleluia e amém, no samba que anima a viagem de trem, é na macumba cirandeira que expressamos amor e seu valor Oxalânico, Exusíaco, fonte do jeito de ser e da fé nessa terra-terreiro de candomblé, onde a música tem a força do maracá-xuaté, os corpos da potência do Axé, e a festa é forma de celebração do que cremos. Então, Laroyê, Exúsemos! E, com os Orixás e nossos ideais, façamos em luta amorosa a paz que queremos.