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HISTÓRICO DO PVNC

O PVNC surgiu  na Baixada Fluminense em 1993, em função do descontentamento de educadores com as dificuldades de acesso ao ensino superior, principalmente dos estudantes de grupos populares e discriminados.  O PVNC também surgiu visando a articulação de setores excluídos da sociedade para uma luta mais ampla contra a discriminação racial e pela democratização da educação, em especial no âmbito do ensino superior.

A idéia de organização de um Curso Pré-Vestibular para estudantes negros nasceu a partir das reflexões da pastoral do Negro, em São Paulo, entre 1989 e 1992.  Nesse período e com o resultado concreto dessas reflexões, a PUC-SP, através do Cardeal Arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns, concedeu 200 bolsas de estudos para estudantes participantes de Movimentos Negros e Populares.

Em 1992 surgiu na Bahia a experiência de um curso pré-vestibular, através da Cooperativa Stive Biko, que tem como objetivo apoiar e articular a juventude negra da periferia de Salvador, colaborando para a entrada de jovens na Universidade.  No Rio de Janeiro, em 1986, foi criado o Curso Pré-Vestibular da Associação dos Funcionários da UFRJ (ASSUFRJ, atual SINTUFRJ), outra importante experiência destinada a preparar trabalhadores para o vestibular.  Em 1992, surgiu o curso Mangueira Vestibulares, um curso comunitário, destinado aos estudantes da comunidade do Morro da Mangueira.

Essas experiências (a Cooperativa Stive Biko, o Curso para os trabalhadores da UFRJ e o Mangueira Vestibulares) e as  200 bolsas de estudos concedidas pela PUC-SP contribuíram muito com as reflexões para a criação do PVNC.

As discussões e articulações para a organização, então, do primeiro núcleo do Pré-Vestibular para Negros, na baixada fluminense, iniciaram-se no final de 1992, tendo como primeiro objetivo a capacitação de estudantes para o exame vestibular da PUC-SP e das universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro.

Este Núcleo foi concebido e organizado por David Raimundo dos Santos,  Antônio Dourado, Luciano de Santana Dias e Alexandre do Nascimento, que contataram os professores, conseguiram duas salas de aula no Colégio Fluminense e realizaram o trabalho de divulgação e reuniões com os primeiros alunos interessados, com isso, possibilitaram, em cinco de junho de 1993, a fundação do Curso Pré-Vestibular para Negros e Carentes na Igreja da matriz de São João de Meriti, com uma aula inaugural.  O curso recebeu o nome de Pré-Vestibular para Negros e Carentes.  Esse grupo assumiu a coordenação do curso e a primeira equipe de professores era formada por Amilton Zama Reis (História); Sílvio (Geografia); Luiz Henrique, o Zé da UERJ, (Biologia); Hermes (Física); Alan (Química); José Roberto (Matemática); Kátia (Redação); Ana Maria (Português); e Amauri (Inglês).

Para o primeiro curso foram feitas cerca de 200 inscrições.  Dos inscritos, 100 alunos começaram a estudar em duas turmas.  Muitos alunos evadiram e outros entraram durante o período de realização do curso (de junho a novembro).

A proposta inicial baseou-se em duas constatações: em primeiro lugar, a péssima qualidade do ensino de 2º grau na Baixada Fluminense, que praticamente elimina as possibilidades do acesso do estudante da região ao ensino superior.  E, em segundo lugar, a verificação do baixo percentual de estudantes negros nas universidades  (menos de 2% dos estudantes, em 1993).

O curso encerrou suas atividades  em novembro, com 50 alunos.  Desses alunos 34% foram aprovados (uma aluna  para a UFF-Niterói, um aluno para a UFF-Baixada, uma aluna para a UERJ e quatro alunos para a PUC-RJ).

Ainda em 1993, a coordenação do curso conseguiu isenções de taxa de vestibular na UERJ e na UFRJ, e  bolsas de estudo para os estudantes aprovados para a PUC.

A partir de 1994, com o sucesso e repercussão do trabalho realizado em 1993, outros grupos (entidades populares, entidades do movimento negro, igrejas, educadores, escolas, etc.) organizaram novos núcleos de Curso Pré-Vestibular para Negros e Carentes.

Vale lembrar que, 1994 foi um ano fundamental para o PVNC.  Foi um ando de crescimento, de adesão de novos grupos, de novos núcleos, de muitas articulações, debates, conflitos e criação de novos espaços de discussões e deliberações coletivas:  Assembléia Geral, equipes de reflexão racial e pedagógica, Jornal AZÂNIA, e aulas de Cultura e Cidadania.

Em 1993, foi lançada a semente, mas 1994 foi o ano em que o PVNC começou a se constituir como um Movimento  Social de Educação Popular.  A questão do preconceito e da discriminação racial é sua principal preocupação, pois é uma barreira que coloca negros e negras em situação de desvantagem, além de contribuir bastante para as desigualdades sociais no Brasil.